A verdade de uma flor

É a primavera despontar
vejo uma flor desabrochar
na sabedoria de se mostrar
na confiança de se abrir
da semente sair
da terra expandir

Náo tem medo de sua beleza
apesar de sua aparente fraqueza
sensível a qualquer ventania
se mantêm segura e viva
Sua fragilidade não limita
finca suas raízes
alegra com coloridos incríveis
compartilha seu perfume com o ambiente
encanta a alma da gente

Alça vôos com a passarada
que empresta suas asas
para nasça em outros campos
e perpetuar mais encantos
Produz seu alimento
e recebe sua gorgeada
o som da natureza
sua harmonia
em eterna sintonia

Com minhas mãos plantam flores
Com minha poesia planta idéias
que inspirem mais mãos
que semeem na humanidade
a verdade de uma flor

Fotografias

Recordações em imagens

Fotografias

Colores de saudades


Momentos vividos

Expostos

Não esquecidos


Lembranças em fotos

Provam

Sentimentos vigoram


Passou mas fica

Registrado

Corpo no retrato


Figuras do passado

Negativos

A serem revelados

Pra quem acredita

O passado ficou para trás
O futuro já não controla
Vou além do que o destino tráz
Coração abrindo as portas

pro amor
da vida
pra emoção
do olhar

O caminho não é conhecido
Surge o medo e a dúvida
A escolha é prosseguir
Estar aberta sem desculpas

pro amor
pra vida
pra emoção
pro olhar

A educação moldou o corpo
A armadura não permite andar
Explodir de energia se libertar
O ciclo tem fim para quem acredita

no amor
na vida
na emoção
no olhar

Devassa

Não foi preciso palavras

bastou o contato

respiração em suspiros

arrancou de meus lábios

Libertou minha fera

atacou os meus medos

estremeceu meu corpo

entorpeceu de desejos

Já não mais sabia

quem era o que queria

lasciva

entregue a loucura

alimentou minha ira

Fez crescer a volúpia

rasgou minha roupa

arrombou minha vagina

Mordi seu pescoço

cravei minhas unhas no seu dorso

engoli seu falo

lambi seu saco

Virou para o lado

apagou cansado

Levantei da cama

vesti meu corpo

saí semi nua

Pelas ruas

protegida

de sua companhia

te dou meu tesão

mas nunca meu coração





Puta sem cabaré

A verborragia que distancia
a adulta vitimizada
da criança abusada
Raiva contida
armadura de gordura
bloqueia a expressão
corpo sem reação
Não vive de verdade
mascara
com sorriso falso
o medo optado
Constrói personalidade
mulher
covarde
O sangue que desce pelas coxas
buceta molhada
mente pornográfica
A dor
sexualidade detonada
A fome
esconde o ódio
come a falta
Sinto náuseas!
Putas sem cabaré no palanque das praças
desfilam compostas
de quê?
Como maçã
a culpa pelo pecado
a óstea
corpo do Cristo crucificado
Homem primata
seu pau não penetra
dilacera
o que desejas?
a posse
Usa meu corpo
abusa
mas nunca minh’alma
protejo
fecho o coração
Sinto tesão!
Que venha o próximo
Me come
Me fode
Me joga no chão
Não choro
Gozo
Não faço som
Silencio
Vazio
O corpo caminha
Jaz no caixão


Devia Ser Proibido

devia ser proibido

um desejo tão grande

por uma pessoa tão distante

devia ser proibido

encontrar o que se achava perdido

e deixar por não ser mais seu aquilo

devia ser proibido

dizer não vou me importar

se só de dizer já está

devia ser proibido

escrever poesia

ao invés de viver a magia

devia ser proibido

achar que vai amar

quando só se escolhe quem não vai dar

devia ser proibido

todo o desespero

de dizer eu não consigo

Ser Criança

Parar, observar
Olhar, Criar
Descobrir o novo
Sem esforço, com gosto

Relaxar
acordar na floresta
encontrar amigos
fazer festa

matar piratas
virar fada
moldar a terra
pintar uma tela

Se deixar...
independente do que seja
aconteça
estar presente
contente

Não se importar com a mente
ir no que acredita
confiar no que sente
ouvir o coração

com amor
com paixão

Ser Mulher

Com hábitos de freira
A puta que me habita
Aflora de meu cerne

Meu sexo
Sem contato com o externo
Aguarda salivante
que se desvendado

Castrado
Não penetra no mundo
Realiza dentro de si
a criação de novos mundos

Meu núcleo reproduz a vida
é dentro de meu corpo que se constrói o ser

Minha revolução é interna
Incompreensível e óbvia
Insustentável e leve
Sou a reprodução do ciclo natural da vida

Minha terra germina
Minha água cura
Meu ar movimenta
Meu fogo transforma

Sou mulher
Multifacetada

Umas vezes freira, outras puta
A menina que vem brincar nos meus jardins
a comer chocolates com a bruxa,
ouvir conselhos da sábia,
mas que sempre desejou ser a fada

Singela
Selvagem

Sou mulher
Independente dos hábitos
Desnuda
Sem medo, sem culpa
Sem laço (seja de corda ou de fita)
Liberta de qualquer alegoria