Com hábitos de freira
A puta que me habita
Aflora de meu cerne
Meu sexo
Sem contato com o externo
Aguarda salivante
que se desvendado
Castrado
Não penetra no mundo
Realiza dentro de si
a criação de novos mundos
Meu núcleo reproduz a vida
é dentro de meu corpo que se constrói o ser
Minha revolução é interna
Incompreensível e óbvia
Insustentável e leve
Sou a reprodução do ciclo natural da vida
Minha terra germina
Minha água cura
Meu ar movimenta
Meu fogo transforma
Sou mulher
Multifacetada
Umas vezes freira, outras puta
A menina que vem brincar nos meus jardins
a comer chocolates com a bruxa,
ouvir conselhos da sábia,
mas que sempre desejou ser a fada
Singela
Selvagem
Sou mulher
Independente dos hábitos
Desnuda
Sem medo, sem culpa
Sem laço (seja de corda ou de fita)
Liberta de qualquer alegoria